Hoje, sustento a tese de que partir seja o exercício de
combinar o desapego com a gratidão. Já perdi a conta de quantas vezes me mudei,
de endereço ou de trabalho, enfim. Mas dessa vez, percebo um gostinho especial.
Cada objeto embalado revive uma situação boa, um aprendizado para a vida. Os
que não o fazem, não precisam mais me acompanhar. Se servirem a outrem,
perfeito, se não, serão mesmo meu dever de casa para movimentar as energias da
matéria e cooperar para com a evolução do planeta. Tudo há de se renovar.
Principalmente as energias do coração. São
essas as que me transbordam hoje porque não levarei apenas lembranças, mas
muitas lições de vida. Muitas vezes, supus que me orgulharia muito de mim se
alcançasse o desafio e que assim eu poderia fazer mais escolhas, me fazer
reconhecida. Que nada! Me sinto mais humilde, isso sim. É preciso muita
humildade para não permitir que as dificuldades do caminho se superdimensionem
e me façam desanimar, frustrar... É preciso ter desapego das demandas imediatas
e visão ampla do que se busca amealhar. Meu maior patrimônio é o afeto, que não
para de se expandir. O sentimento de gratidão à profissão e aos amigos (não
posso mais chama-los de alunos, muito menos de ex-alunos) é o mais marcante. Eu
não teria conseguido a conquista da aprovação se não tivesse estudado tanto e tanto,
por eles, para eles. Então vivo a alegria de uma vitória compartilhada, o que
me faz mais humilde, mais grata, mais feliz. São muitos os talentos deles, os valores
morais, as contribuições intelectuais, que se somam para além da sala de aula.
Estou certa de que toparei novamente com eles, já advogados, jornalistas,
arquitetos e sentirei essa mesma gratidão. Talvez maior, se Deus continuar
permitindo.
Muito obrigada, meus amigos!
p.s.: ganhei uma singela e significativa homenagem das turmas de jornalismo, feita por Thames, mas não consegui fazer o up load do vídeo aqui, então deixo o link para vocês conferirem: Despedida
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