segunda-feira, 24 de junho de 2013

As plantas e eu

Minha história com as plantas começou desde que me entendo por gente. Vó sempre teve muitas plantinhas em casa, mesmo quando o espaço era limitado. Em dias especiais, ela enche a casa com os “caqueiros” mais viçosos. Em dias de sol, ela muda alguns de lugar. Árvore de natal nunca foi pinheiro na casa de vó, mas uma ou outra planta mais alta que estivesse no quintal. Pé de pau, pé de fruta, pé de flor, pé de planta... Ela tem mão boa pra cultivar todos os tipo de verde.

Vó na escada que leva ao quintal

Vó tem nas plantas uma companhia musical: sempre as rega assobiando ou cantando. Têm-nas ainda como parceiras contra os males espirituais que se refletem no corpo, a exemplo das febres, dores de cabeça e toda sorte de má sorte. Acreditava com firmeza na ação da vizinha benzedeira e sempre descobria um tipo de chá bom para qualquer doença que apareça. Tem até uma história de uma surra homérica que levei por causa de um pé de morango, mas graças a Deus, não me lembro disso.

Minha primeira experiência com o cultivo aconteceu para superar um trauma. Eu tinha sete anos quando, como era de costume, eu assistia a sessão da tarde e gritava pela minha mamadeira (sim, eu tomei mamadeira até o sete anos). Só que naquele dia o mingau veio muito quente, queimou minha língua e eu não consegui tomar tudo. Com medo que vó me visse desperdiçar comida, escondi a mamadeira embaixo da cama. Quando ela saiu, corri na cozinha e com uma faca de serra, cortei a danada ao meio, enchi de terra e pus uma plantinha, acho que era erva daninha mesmo. Não me lembro do que fiz com a parte de cima. Vó gostava tanto de fazer meu mingau que só deu por falta da mamadeira três dias depois. Quando perguntada pelo meu objeto tão querido, apontei entre as plantas que ela cultivava na área de serviço e recebi uma grande gargalhada. Eu só não sabia que era preciso furar a parte de baixo do recipiente. A plantinha morreu afogada na primeira chuva.

Passados 14 anos, eu ganhei uma horta de verdade no sítio Pedro Pio. Cinco leiras, cerca em tela contra invasão das galinhas e um tonel de metal. Comprei um mini-regador – meus bracinhos não sustentavam o peso de um regador normal inclinado – e vários pacotes de sementes. Mostarda, cenoura, beterraba, cebola, pimentão, tomates, salsa, couve chinesa e muitas outras. Montei as sementeiras com todo carinho, transplantei tudo para o chão até um pouco antes da hora...Todas as manhãs, levantava cedinho e molhava tudo, batia um papo com elas, mordiscava um temperinho ou outro. Mas quando chegava a temporada de provas ou congressos, perdia mais da metade da plantação :(

Os caminhos da vida me levaram de volta às cidades e foi preciso aprender a cultivar em pequenos espaços. Tinha as janelas cheias de plantinhas em Ouro Preto e lá fabriquei meus próprios potes na oficina de cerâmica da FAOP.  Tive um quarto cheio de plantinhas em Belo Horizonte, do alecrim e coentro a um belo Antúrio rosa. Depois aprendi a reciclar garrafas pet e alternava os banhos de sol da hortinha entre a varanda e a área de luz do apê em Itabuna. 
Reciclando pets, ensinei a criançada a plantar também e, enquanto estive na Escola do Evangelho, a varandinha era convidativa pela horta suspensa de ervas aromáticas. Jamais me esquecerei do dia em que pus a turminha para pintar a parede com os dedos, fazendo desenhos de bichinhos e plantas em comemoração ao dia do meio ambiente, coincidentemente, dia do meu aniversário!

As primeiras sementes: girassóis

A parede colorida de plantas e bichinhos

Botando a mão na terra, com muita alegria

Certa vez, um amigo secreto pediu uma planta e como foi difícil escolher esse presente! Cada pessoa tem uma espécie de sinergia com alguns tipos de plantas. Nunca consegui cultivar flores além das onze horas, fortuna ou antúrios... Como saber qual tipo se harmonizava com a pessoa? Mesmo com uma pesquisa entre a família, não sei se acertei escolhendo uma folhagem bicolor, mas gostei muito da ideia de presentear com plantas, não necessariamente pé de flor, mas com certeza um serzinho vivo portador de bons auspícios e histórias a serem contadas.


4 comentários:

  1. Você é natureza: flores, plantas, frutos, animais e verde.
    Sinto falta de nossas andanças, como eu sinto falta disso.
    Espero que os novos caminhos da vida nos coloque em condições semelhantes.
    Um beijo, saudade!

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  2. Pois eu "sou das flores"! Fui me descobrir com o dedo verde já "velha"... Mas creio que estou recuperando todo o tempo perdido! Meu jardim de varanda está lindo, mesmo no inverno!
    Não me dou com ervas e temperos... Simplesmente não "pegam". Fazer o que? Me deixe com as flores mesmo!
    Beijos floridos!

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  3. Quem me dera ser das flores! Mas ser dos temperos também é legal rsrsrs

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