sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O que é ser sulbaiana?

Desde que cheguei a Minas, em 2007, me dediquei a conhecer pessoas e lugares, patrimônios e caminhos, turísticos ou não. Em praticamente todas as ocasiões sociais em que me apresento, encontro quem me pergunte “- De que cidade da Bahia você é?”. Nesse hora eu sinto corar as bochechas diante do desconforto de ter que optar só por uma.

Eu nasci em Canavieiras – a mais bela, tranquila e preservada das cidades da Costa do Cacau. Pedaço charmoso do sul da Bahia, Canes possui um conjunto de casarios antigos, de platibandas ricamente ornamentadas, coloridas e datadas com o ano da construção. O mar é calmo na orla e revolto nos vastos 50 Km de praias. As areias são livres de línguas negras de poluição e ricamente confeitadas por conchas coloridas e brilhantes, variadas em tamanhos, cores e desenhos. Para completar, Canavieiras herdou da capitania de São Jorge dos Ilhéus o local onde o francês Frederic Warneaux plantou os três primeiros pés de cacau da Bahia, nas margens do rio Pardo, na Fazenda Cubículo.




Mas eu “cresci e me criei” em Itabuna, uma cidade dinâmica, movimentada, prática para quem mora – há uma avenida onde se encontram as pizzarias, outra com os bancos, duas com lojas populares, outra com boutiques etc. E eu já estava me esquecendo de que lá fica o único shopping center do sul da Bahia (não confundir com o extremo sul!). Em minha memória, Itabuna está marcada como uma cidade de crescimento voraz, que se consolidou como pólo de referência em serviços de saúde e educação.

Mas escolhi Ilhéus para morar, depois de ter cursado mais da metade da graduação em comunicação social. De fato, é hábito de quem vive em Itabuna visitar Ilhéus nos fins de semana para tomar aquele banho de mar! Isso sem falar no visual do encontro da águas dos rios Cachoeira, Fundão e de Engenho com o oceano Atlântico na baía de Pontal, altamente refazedor da saúde de qualquer ser humano.



Compreendendo que o meu vínculo afetivo se elasteceu a ponto de me fazer natural de três cidades da Costa do Cacau, optei por me apresentar como “sulbaina”. O adjetivo não soa como os mais belos, mas é representativo de quem acorda com o cheiro do cuscuz de milho à mesa, saboreado com manteiga, ovos moles ou coco ralado e farta caneca de café com leite, ouvindo ao fundo o rimbombo das ondas. Impossível não aceitar o convite delas a aproveitar o dia com um caminhada na areia da praia, um mergulho na barra, um contemplar os manguezais. Com o sol a pino, correr para debaixo de um quiosque de barraca de praia e almoçar com as amigas uma moqueca de peixe ao molho de camarão com arroz e pirão. Suco de cacau para estender o papo até a hora de mergulhar de novo. Passear de bicicleta pelo Pontal, ou pelo centro histórico de Canes, quiçá pela beira rio de Itabuna e encerrar a tarde com um sorvete de mangaba, tapioca talvez! Não esquecer que no começo da noite tem teatro na casa dos artistas com o contador de histórias grapiúnas, José Delmo. Mais tarde, pode ter teatro de rua também em algum dos pontos da cidade que Jorge Amado “tomou” para suas ficções. Em Itabuna, a juventude comenta o último filme em cartaz no starplex e já é hora do cheio de cacau torrado invadir a cidade. Ainda cedo, as cidades se recolhe em sono.

Amanhã, será mais uma dia!

p.s.: nessa ordem, esse dia de minha vida nunca existiu.

Um comentário:

  1. Uma delicia ler suas crônicas amiga!
    Leitura adorável!
    Fico feliz de me sentir parte delas...pois relembro vários momento!
    bjs

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