sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Referência, referências


Quantas vezes a gente ouve falar que o “mundo é pequeno” quando verifica encontros felizes entre pessoas queridas? Eu costumo dizer que as pessoas bacanas do mundo estão todas conectadas. Pois hoje quero contar de uma conexão bacana que eu vivi aos vinte anos e que alimento até hoje, mesmo à distância. Quero falar de Tica Simões. Orientadora, amiga, referência. Não quero o peso da responsabilidade de descrever a Tica em todas as qualidades que pude conhecer e reconhecer ao longo do tempo. Quero falar apenas do encontro feliz que com ela vivi.

Quando, na metade da graduação, pensei que nada mais em minha vida pudesse ser diferente – ou igual aos meus sonhos -, conheci a professora Tica, dirigindo o grupo de pesquisa Icer. De imediato, notei que ela era um combustível e uma bússola para as pessoas do bem que ali estavam e de pronto me vi contagiada pela energia e alegria daquela professora tão atípica: era a que mais viajava, que mais sintetizava ideias, que mais produzia, que mais motivava. Não precisou de muito tempo para descobrir que ela era como eu sonhava ser um dia: uma pesquisadora “viajeira”, uma curiosa incansável. Quando enfim reuniu um pecúlio, em lugar de comprar um apartamento, ela preferiu um motorhome, onde viveu durante os quatro anos em que cursou o doutorado em Portugal e, naturalmente, viajou por toda a Europa.

Hoje recebi um e-mail dela, dando notícias dos projetos atuais. O motorhome não é o mesmo daqueles tempos, mas agora ele também faz parte da rotina de pesquisa. Tem até nome em tupi: Oca Atá Aruai, que quer dizer “casinha que anda com alegria”. Ao lado do leal companheiro Henrique, ela visita vários pontos turísticos de interesse literário/pontos literários de interesse turístico, interage, ensina, aprende com as pessoas. Isso porque pessoas como ela sabem o quanto viajar é preciso!

Voltando ao e-mail, Tica contou das visitas a escolas indígenas de ensino fundamental e compartilhou com a “família” Icer um desses aprendizados sobre as coisas que alimentam nossos espíritos da certeza de que o que fazemos no campo da cultura é de importância maior na vida de todos. Recompartilho com vocês a oração do Sol, que deve ser realizada para começar cada dia:


Oração ao Sol

Oh, Grande Espírito...
cuja voz ouço nos ventos e cujo alento dá vida a todo o mundo,ouve-me.
Sou pequeno e fraco, necessito da tua força e sabedoria.
Deixa-me andar em beleza e faz com que os meus olhos possam sempre contemplar o vermelho e o púrpura do por-do-sol.
Faz-me sábio, para que eu possa compreender as coisas que ensinaste ao meu povo.
Deixa-me aprender as coisas que escondeste, em cada folha e em cada rocha.
Busco forças
não para ser maior do que o meu irmão,
mas para lutar contra o meu maior inimigo, eu mesmo.
Faz-me pronto para chegar a ti com as mãos limpas e o olhar firme,
a fim de que, quando a vida apagar como se apaga o poente,
o meu espírito possa estar contigo
sem se envergonhar.


Auêre

Tribo Tupinambá, Olivença, Bahia


Para saber mais sobre o projeto Oca:     www.culturaturismo.com.br

www.youtube.comwatch?v=101SQ4ERP10                                                                                                         www.uesc.br/icer

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