Minha amizade com Robert nasceu por uma carona. Imagine aí aquele menino que você sabe que é muito querido pelo seu melhor e mais caro amigo, uma pessoa de quem todos sempre falam à mesa e fora dela, mas que, só de olhar pra cara, você torce o nariz. Para mim, assim era o Robert. Não bastasse a tradição contestadora do moço, ele ainda é baixinho, gordinho e tem o cabelo cortado em cuia. AffeMaria!!!
Daí chegou um dia em que, ao final de uma reunião, eu tomei coragem e me dirigi a ele: Tá indo pra casa? Me dá uma carona? E ele deu, do Barreiro até Venda Nova. Desfiz a birra com o tal logo nos primeiros dez minutos de prosa. E pra carona virar viagem não demorou muito. Passados apenas dois meses, pegamos seis horas de estrada, de Belo Horizonte até Turmalina, no Vale do Jequitinhonha, em missão evangélica.
A paisagem é das mais lindas e acolhedoras. Teve até usina eólica no caminho, sem falar na pedra do camelo, um pouco depois da parada do Chupa-cabra, não por coincidência, mesmo apelido do dito cujo motorista. Até o longo trecho de plantações de eucalipto tiveram o seu encanto, inteiramente creditado às aves de rapina e ao pôr do sol.
Posso dizer que aquela foi uma das mais construtivas viagens que já fiz. Rememoramos fatos importantíssimos de nossas caminhadas com Jesus (e mesmo os anteriores, que só reforçaram nossos testemunhos), de estudos e vivências individuais e coletivas. Falamos também das nossas juventudes, conflitos e sonhos, dos nossos amigos e famílias. Não foi surpresa ouvir ele falar que a Cares merecia um diário de bordo, uma publicação dessas conversas de estrada!
Estávamos em caravana religiosa, mas o som era de Engenheiros do Havaí – nostalgia e alegria misturadas. Eis que no meio do caminho tinha uma bifurcação e eu, acreditando na informação dada pelo frentista, única alma viva encontrada de BH até Diamantina, praticamente impus que o moço tomasse o caminho da direita. Erramos a rota em 90km. Mas um senhor muito gentil, que observava o fim da tarde sentado numa pedra sob um árvore desfolhada nos indicou um atalho. Bastaram 18 km de estrada de terra para encontrarmos a pista correta. E esse atalho nos rendeu muita diversão: poeira, velocidade, sentimento de infância no coração!
Acredite se quiser, mas o retorno à capital aconteceu no dia seguinte à ida! Eu voltei com o meu melhor amigo, quase irmão, que me apresentou ao Robert. A paisagem bonita do dia anterior tinha sido consumida por incêndios, ficando viva só na memória da equipe da caravana.
Se ele deixar, postarei um vídeo em que ele cantava junto com os Engenheiros, apontava um foco de incêndio, mas esse (graças a Deus, ou não) foi na parte só dos eucaliptos, tão abundantes – e devastadores – daquele trecho de Minas.
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