sexta-feira, 27 de abril de 2012

A comida e a memória


Uma coisa curiosa que ouvi hoje, em uma sala de espera, é que a memória conta com alguns subterfúgios para funcionar. Ela trabalha de modo associativo, então, o melhor jeito de se lembrar do que você estudou, é se lembrar do que você comeu enquanto estudava, de preferência, comendo novamente na hora da prova. Por exemplo, se você mascava chicletes enquanto estudava, leve outro do mesmo sabor para mascar na hora da avaliação e o seu cérebro vai facilitar a recuperação daquele conteúdo que ficou preguiçosamente arquivado lá na caixa empoeirada da memória.
Estudos à parte, acabei fazendo o caminho inverso da explicação: puxei a ponta do cordão de lembranças boas e, com elas, me lembrei do que eu comia enquanto as vivia.
Pocazoi com manteiga = infância no bairro Santo Antônio
Pipoca com manteiga derretida = fim de sessão da tarde quando tinha febre na escola e era liberada mais cedo
Chá mate com bolacha de maisena = tarde de chuva (torrencial) em Vilhena
Chá mate gelado com limão no fim de tarde = férias na casa da tia Gê, em Ji-Paraná
Leite morno com açúcar = hora de dormir na casa da tia Gê, em Ji-Paraná
Pastilha de hortelã Garoto = ensino médio no colégio Gama
Sorvete de mangaba = férias em Belmonte
Lasanha = almoço de domingo na casa de vó
Cebolinha, paçoquinha, pé de moleque ou suco de mamão com laranja = primeiro ano de graduação
Cheiro de bolo de laranja prontinho pra sair do forno = tarde de sábado no sítio Pedro Pio
Costelinha de porco com broto de samambaia = jantar em Mariana
Coxinha com cerveja no lugar do almoço = Ouro Preto
Torresmo com cerveja = noite de sábado, depois da aula de gestão cultural em Ouro Preto
Pastel de angu com recheio de umbigo de bananeira = noite de sábado, depois da aula de gestão cultural em Ouro Preto
Chá de erva doce com bolacha de maisena = reunião com as amigas do curso de gestão cultural na minha casa em Ouro Preto
Torta alemã = rua direita, em Ouro Preto
Romeu e Julieta a la Mari Guimarães = reconciliação
Café preto com broa de milho = fugidinha com as amigas do curso de gestão cultural em “Beagá”
Sopa de milho com ervilha em vagem = noite na casa de Paloma
Café com sorvete de creme = tarde de trabalho no centro de “Beagá”
Vinho chileno e charuto = noite na Serra do cipó
Macarrão com molho de beringela = primeiro jantar no apê de Beagá
Sprite com limão e vodka ou skol litrão= rock band com a turma da Cidade Nova
Cheiro de frango frito = andar térreo do edifício Maleta
Arroz com carne serenada, frango caipira com angu de milho verde ou caldo de pinto (frango) = Vale do Jequitinhonha
Pizza e guaraná com rodelas de laranja = noite de terça, depois da mediúnica na Helil
Cachorro quente com coca-cola = demorei para acostumar, mas tem gosto de "junta" da turma de Venda Nova na casa de Dona Rose
Bobó de camarão = fim de semana em Canes
Feijão verde com linguiça picada = almoço com Andinho no restaurante de Rógere
Salmão com molho doce oriental (nunca me lembro o nome dele) = bate-papo com Mayanna no marco san
Catado de caranguejo = Caminhada (33 km!) da promessa de Ju Soledade
Escondidinho = comidinha de mãe da amiga Sá
Galinha russa, geleia de morango e beiju de puba = amizade ímpar de Ju Soledade
Trufa de chocolate = hora do intervalo na faculdade
Moqueca de peixe = almoço na casa de painho
Bolinho de puba na folha de bananeira = viagem a Canes com Renata
Creme de milho = almoço com amigos aqui em casa (Tabocas polix)

Hum, peraí que me deu fome agora!

2 comentários:

  1. Querida Aline!

    A mineira aqui sempre acompanha as suas postagens! Quantas pérolas e esta foi super! Já estou preparando a minha lista aqui também! Mas, apesar de também ter um blog e adorar as tecnologias, ainda anoto nos meus caderninhos e não divulgo... vou ver se desta vez "com jeito vai".

    Espero que esteja tudo bem por aí, nas terras lindas da Bahia.

    Saudades e um grande beijo,

    Luana

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  2. Comigo também foi assim... rabiscos e rabiscos escondidos em pedaços de papel espalhados por todos os bolsos, bolsas e cantinhos do quarto, até o que dia em que perdi o medo de contar mais sobre mim e o meu mundo. Vamos, lá! Estou curiosa pelas suas pérolas! Beijos sulbaianos!

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