Peço
licença aos deuses de todas as pátrias para contar essa vivência.
No último
domingo desse mês de julho, me dirigi ao bosque da paquera para um encontro.
Mas não era um encontro comum, fui conhecer as danças sagradas. Cheguei
atrasada, tímida, sem fôlego e encontrei a turma animada, dividida em dois
círculos, dançando com as mãos dadas. Parecia confuso aquele negócio de passos
para lá e para cá, com giros de corpo entre um e outro movimento, mas a música
era linda e fazia sorrir até a quem estava parado fora das rodas.
Ali
mesmo eu fiquei, preferindo não ser vista, mas desejosa de ver mais e mais. A
dança seguinte seria africana, com uma reverência ao fogo e um esforço contra o
orgulho, que se acumula nos joelhos. Juntos – crianças, jovens, adultos e idosos
– pisavam forte o solo e faziam a poeira subir, mas os sorrisos permaneciam em
todos os rostos, inclusive no meu.
Não demorou nada e fui convocada pelo coordenador da ação, meu amigo Shell, e parti para
a roda. Fizemos uma dança holandesa, depois uma grega, uma escocesa. Eu errava
muitos passos, mas não tinha importância, ali só era importante participar. Era
impressionante trocar de par e topar com o brilho nos olhos de uma pessoa que
nunca vi na vida, outras que vi por poucas vezes, mas por quem já alimentava simpatia
e gratidão por compartilhar comigo daquela grande emoção.
A última dança foi a mais linda: Menoussis. Era a mais lenta, inspirava a meditação. São dois passos à direita, dois à frente, uma reverência, e um passo para trás, ou seja, vamos com dois passos ao futuro, refletimos o presente e voltamos apenas um passo ao passado. É uma dança grega, simples, bela. Levantei o olhar, percebendo a segurança que a roda me transmitia e notei o som do vento a balançar as folhas daqueles eucaliptos, a luz suave do sol ao fim da tarde, o cheiro da terra suspensa pelos nossos passos, a alegria por estar ali... Ali estava Deus, em tudo isso, em todos os corações.
Agora confira a música Menoussis, que, inacreditavelmente,
fala sobre a morte.
Depois da maratona de aulas de hoje, preciso dormir! Mas não resisti e antes tive que conferir suas experiências 'bloguíferas'. E que surpresa ai ver essa postagem linda sobre dança sagrada!
ResponderExcluirConheci na maçonaria, com Shel, e nem imaginava que um grupo tão grande e tão bonito se reunia pra dançar!
:)