sábado, 5 de abril de 2014

Oi! Quem é você?

É com essas palavras que eu costumo driblar minha introspecção habitual para me aproximar das pessoas. A frase que eu sempre julguei simples agora se mostra como um grande calcanhar de Aquiles. Será que Sócrates imaginava o tamanho do desafio que nos legou quando deixou que se difundisse a máxima "conhece-te a ti mesmo"? O tal do autoconhecimento me parece ser o maior dos paradoxos com o qual um ser humano pode se deparar na vida. E dele não deve escapulir. É um mal necessário, um exercício doloroso e, ao mesmo tempo, (que carrega a promessa de ser) libertador.
E, se é pra ser assim, porque criamos tantos mecanismos pra não enxergarmos a tal da realidade? Por que não conseguimos ter logo acesso às nossas imperfeições? Pior: por que é tão mais fácil enxergar as imperfeições dos outros do que as nossas? Via de regra, a gente nem pode falar mesmo o que vê dos outros... Parece que ninguém dá conta de si de verdade.
Nesse momento em que a psicanálise se põe em evidência na minha passagem por esse orbe, algumas experiências parecem apontar mesmo para a urgência dessa tarefa. Delas, compartilho algumas com você.
Da primeira aula no doutorado destaco o tema da auto regulação, da autonomia. Rende pano pra manga o exercício de identificar a que dependências nos sujeitamos e com quais delas nos acomodamos. Afinal, é sempre bom ter quem decida tudo por nós, ser espelho de um modelo de conduta prontinho, até pra depois ter a quem culpar se tudo der errado.
Dos estudos na casa espírita vem a percepção de que o sujeito só identifica o que conhece. Isso significa que, quando analisamos e julgamos o outro, geralmente estamos projetando nele os defeitos que carregamos em nossa personalidade. A gente sabe de tudo e não tem nada de inocente....
E pra encerrar por hoje, fica Foucault e a indicação de que, nesse desafio teleológico, nessa tarefa de estudar a nossa finalidade por aqui, nos restará, ao final, nada parecido com um pacote de certezas, mas a necessidade de recolocar todos os resultados novamente em questão.
Mas não se desespere. Isso não será o fim. Será um caminho que te leva de você a si mesmo. E como disseram Fernando Pessoa e Valdelice Pinheiro, a felicidade não está na partida nem na chegada, mas no caminho, no caminhar.

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